Levo desta viagem várias lições. Sendo que a primeira é a de que se pode viver uma vida mais generosa.
A Europa está velha. Uma velha senhora que aprendeu com os erros e por isso se tornou um dos locais mais seguros de viver. Sem ter a decadência dos Estados Unidos que nos oferece de bandeja a visão do fim de um império, o nosso continente perdeu algumas qualidades da juventude. A primeira, a possibilidade de se surpreender e maravilhar com o desconhecido. A segunda, a capacidade de acreditar na bondade.
Aqui, no Brasil, tenho sido recebido como um amigo. Por razões que não têm nada a ver com o maior ou menor grau de sucesso do meu trabalho. Apenas porque fui apresentado como um amigo de um amigo. E gostaria de pensar que nessa apresentação ia incluída a expressão "um homem de bem".
Quem em Portugal continua a receber de forma continuada gente desconhecida, apenas porque está de passagem e precisa de dormir ou comer? Quem faz tudo o que pode para ajudar sem pedir nada em troca? Quantos de nós?
Hoje, no autocarro/ónibus uma pessoa sentada voltou a oferecer-se para me segurar no colo a mochila, para que eu viajasse de pé com mais conforto. Quando agradeci, limitou-se a dizer "de nada", quase surpreendida pela minha gratidão. Esta é uma prática comum em todas as terras por onde passei.
Levo desta viagem a certeza de que se pode viver com pouco e ainda partilhar com os outros.
Enquanto europeu, estava a ficar esquecido disto.
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